sábado, 23 de maio de 2020

A DISTOPIA DE UM BRASIL TERRIVELMENTE EVANGÉLICO

Eu comecei a pensar como seria lá pelos idos de 2030 a distopia de um "Brasil evangélico", onde a maioria absoluta da população fosse evangélica. E, diga-se de passagem, vejo isso com grande apreensão, porque, essa situação seria como um terrível pesadelo que eu sinceramente espero que nunca aconteça.

Nessa minha narrativa a maioria dos deputados federais e senadores seriam evangélicos, assim como a pessoa do presidente da República seria um evangélico radical e fundamentalista, alguém “terrivelmente evangélico”. E não fosse pouco, a maioria dos ministros do STF, STJ e TSE, e assim como o PGR, e a maioria dos governadores. Haveria uma única denominação evangélica chamada de “A IGREJA”, e todos trabalhadores sem exceção teriam o dízimo automaticamente debitado em folha de pagamento e as heranças teriam essa mesma tributação.

Na mídia os principais canais de TV, rádio, jornais e revistas seriam de cunho evangélico, assim como as principais festas do país e feriados. As festas folclóricas, tradições regionais, festas de outras religiões, seriam terminantemente proibidas e sairiam do calendário oficial.

As escolas e universidades seriam pautados pelos valores da cultura evangélica, essa cultura seria predominante na sociedade, e assim as suas regras teriam que ser absorvidas por todos, sem espaço para outras manifestações. A Teoria da evolução de Darwin seria abolida nas escolas e substituída pelo criacionismo, que seria a única concepção a ser ensinada no processo de escolarização formal.

O aborto seria algo passível de morte, os assaltantes teriam as mãos decepadas, e em caso de reincidência, haveria apedrejamento em praça pública, e a pena capital seria executada por uma turba ensandecida e sempre ávida por sangue. Os julgamentos seriam feitos de forma sumária e sem uma ampla defesa ou chances de recorrer da sentença, e nos casos de pena de morte, a execução seria imediata.

A cura gay seria implantada de uma maneira oficial, e as pessoas seriam conduzidas para entidades religiosas que seriam as responsáveis por esse procedimento e só poderiam sair de lá quando estivessem 100% "curadas".

Haveria clínicas especializadas para a recuperação dos viciados em droga onde a internação seria compulsória e os internos ficariam isolados e impossibilitados de sair, e a instituição teria total autonomia para manter os internos presos sob a sua tutela. Porém, essa mesma instituição poderia ser utilizada para tirar de circulação subversivos ao sistema.
Todas as empresas, órgãos púbicos, forças armadas, escolas e universidades seriam obrigadas a iniciar as suas atividades com um período devocional na perspectiva evangélica e quem não aceitasse isso, seria denunciado as autoridades e preso.

Nesses casos seria necessário apenas discar 190, que em poucos minutos o herege seria preso.
As demais religiões seriam apenas toleradas e poderiam se reunir a portas fechadas uma vez por semana, sem muito barulho e com total discrição. E todo “cidadão de bem” teria o dever e a responsabilidade cívica de denunciar os grupos que cometessem excesso não respeitando os limites estabelecidos.

Os grupos que não aceitassem tais condições ou cometessem algum excesso seriam passíveis de severas punições, que poderia ser desde uma suspensão provisória e casos de reincidência as atividades do grupo religioso seriam suspensas em definitivo, e sem a possiblidade de um dia voltar a funcionar.

Dentro dos casos reincidência os líderes e membros seriam passíveis de prisão e a pena máxima seria a prisão perpétua, sendo doutrinados até o seu último dia de suas vidas para deixassem de ser infiéis e aderissem à fé evangélica.
A imagem do Cristo redentor no Rio de Janeiro e suas variantes pelo Brasil seriam destruídas e em seu lugar seriam erguidos símbolos com jargões evangélicos. Além disso, o uso de imagens de esculturas em locais públicos ou privados seria algo proibido por lei.

Nesse cenário as pessoas passariam a tentar fugir do país desejosos de preservar as suas liberdades individuais e nos casos mais extremos a própria vida, mesmo porque a penalização máxima para quem fosse pego tentando escapar seria a morte.

Os rebeldes que tentassem derrubar o sistema, seriam conduzidos a fazendas de trabalhos forçados e o estágio final para os internos que não fossem considerados “recuperáveis” seria a pena de morte através de um processo de incineração, numa câmara de nome INFERNO, junto com seus documentos, fotos e pertences, tudo isso com o objetivo de apagar a memória dos rebeldes que eram aqueles que ousavam tentar destruir esse “sistema do Bem”.

Conclusão: Este pequeno texto traz uma distopia, mas se hoje não houver uma confrontação da ala radical dos evangélicos e seu PLANO DE PODER, o que hoje pode aparecer exagerado, poderá tornar-se um pesadelo na vida real. A ideia do texto é fazer com que as pessoas possam refletir, rever posicionamentos radicais, e NÃO tentar impor valores à força.

Deseja-se chamar a atenção para necessidade de que todas as religiões tenham o direito de existir, e exercerem suas atividades livremente sem nenhum tipo de restrição. Por último, vale lembrar que o pilar de toda e qualquer religião deveria ser o AMOR.

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